o corpo de sua voz
entrando como um susto afiado na minha garganta
resgatando a gravidade do meu sangue
possuindo como refém a minha fome.
como se resgatar dessa emergência
que come esse vermelho crespo e pontiagudo do nosso excesso?
(e que se engasga num lugar onde nunca estivemos?)
uma poça de ferragens e nosso acidente lá fora
nos vigia sob o eterno evaporar de nossas promessas.
cárcere que nos golpeia a esmo
vela nossos corpos que urram de tanta memória
luxo sem paz.
sua voz no meu mamilo em excesso.
um agridoce continente que fermenta essa falange.
para que seu braço germineé necessário regar cada buraco jovem seue plantar terra fofa no seu antebraço.os velhos fingem terem sido cicatrizados. já incorporaram a dissimulação.alugar um trator para demolir a montanha de desastre já em formação- submersa em seus buracos-e enterrá-la dentro do meu ventre.adubo compatível com a espera.quanto de desastre você inaugura durante a semana?qual é a velocidade da formação do seu planalto?há uma água que escorre a cada tentativa de vida suae um mato que cresce incansavelmente nas bordas da cadeira onde espero.uma ampulheta na quina da cômoda marca/registra o tempo que seu buraco permanece aberto.no final do(s) dia(s), sem que descaradamente você perceba,são minhas mãos e rosto que estão sujos pela terra fofa.sou eu que germino nessa montanha de espera(s).
Raquel
Gaio gosta
de palavras sujas ou que se sujem. as ruínas e os desertos por terem
tanta vida. acredita
no corpo, na sua grande narrativa poética. tenta
performar imagens que nascem incessantemente dentro dela. compõe
em: www.sensacaodevioleta.blogspot.com
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